Uma realidade notada por Pedro Bandeira há anos!
Olá pessoal! Saudades de vocês!!! Achei uma notícia muito legal sobre a realidade da "Droga da Obediência" que gostaria de compartilhar com vocês! Confiram:
Ritalina: o tabu da ‘Droga da Obediência
Especialistas discutem uso de medicamento e conscientização de pais e escolas no tratamento de crianças que sofrem com distúrbios de aprendizagem e hiperatividade. Por Fernanda Prates
Elas têm problemas para se concentrar. Às vezes, são barulhentas. Outras vezes, caladas e reservadas. Em geral, têm problemas na escola e não conseguem se relacionar com seus colegas. Qualquer educador provavelmente é capaz de apontar alguns alunos com esse perfil. Muitos deles podem sofrer de um distúrbio de aprendizagem chamado Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que afeta de 2% a 6% da população mundial. Muitas outras, contudo, podem estar sendo diagnosticadas – e até mesmo medicadas – de maneira equivocada.
Apesar de uma conscientização crescente acerca de seus sintomas e tratamentos, o TDAH ainda é uma doença enigmática. Seu desconhecimento ainda leva muitas crianças a serem mal diagnosticadas ou tratadas de maneira pontual, sem que sejam analisadas as condições familiares, escolares e sociais que podem agravar ainda mais o problema. Por vezes, jovens são simplesmente medicados por parentes e professores, sem acompanhamento psicológico adequado.
Um estudo recentemente publicado nos Estados Unidos revelou que um milhão de crianças norte-americanas podem ter sido erroneamente diagnosticadas com TDAH. Crianças inquietas, ativas ou simplesmente imaturas, mas neurologicamente saudáveis, foram tidas com doentes. Ao mesmo tempo, muitas outras sofrem com a doença em silêncio, sem receber a atenção necessária para um diagnóstico e tratamento corretos.
“A maioria das crianças indicadas para mim suspeitas de serem hiperativas devido a problemas escolares, desatenção, ou brigas com colegas no recreio não sofrem de TDAH tecnicamente falando”, diz a psicóloga Maria das Graças Razera, membro da Fundação Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC).
“Às vezes, o fato das crianças serem mais agitadas se deve mais, por exemplo, à cultura da família, por exemplo. Trabalho com crianças de mais de 70 etnias, e cada cultura tem um código comportamental específico. É necessário ajustar o comportamento da criança num contexto escolar respeitando esse código, o que é de fato um trabalho detalhista”, completa a psicóloga.
Brasil é segundo maior consumidor de Ritalina
Os números são especialmente preocupantes considerando-se que muitos desses jovens são tratados com remédios. O mais comum deles é a polêmica Ritalina, também conhecida como a “droga da obediência”. Apesar de auxiliar no tratamento de distúrbios de aprendizagem, a Ritalina pode apresentar diversos efeitos colaterais, como apatia, anorexia e distúrbios do sono. Em 2009, o Brasil se tornou o segundo maior consumidor da droga, atrás apenas dos Estados Unidos. As estatísticas preocupam os especialistas, que pregam cautela e acompanhamento médico e psicológico antes de tudo.
“Não acho que se deva parar de receitar drogas, mas médicos não podem sair receitando Ritalina indiscriminadamente, até porque todas as drogas podem ter reações colaterais. Alguns pacientes podem entrar num processo de depressão e parar de realizar atividades normais, enquanto outras podem ter até o crescimento prejudicado. O diagnóstico não é milagroso, e deve ser feito individualmente”, pondera o pediatra Lauro Monteiro Filho. “Nem tudo se resolve com remédio, ou SÓ com remédio.”
Algumas consequências podem ser ainda mais graves. Estudos mostram que o metilfenidato, composto químico presente na Ritalina, pode causar ataques cardíacos súbitos em crianças com cardiopatias. “Por uma questão de segurança, pais devem sempre fazer exames cardíacos nas crianças,”, recomenda Maria das Graças. “O medicamento também pode criar dependência psicológica, uma vez que a criança pode passar a acreditar que toma as drogas porque é ‘incapaz de aprender. A autoeficácia é meu foco com essas crianças, que sempre apresentam graves problemas de auto-estima”.
Importância do acompanhamento psicológico
Assim como o pediatra, a terapeuta também não se opõe ao uso da medicação — desde que de modo consciente, com atenção às dosagens e limitações físicas dos pacientes. Por isso, ela ressalta a importância do acompanhamento do psicoterapeuta cognitivo, capaz não só de trabalhar junto à escola e à família, mas também de analisar os efeitos dos medicamentos nas crianças e ajudar no diálogo com o médico para garantir seu bem-estar integral.
“Um grande problema do uso dos medicamentos é que, muitas vezes, os pais acabam delegando a tarefa de medicar os filhos às escolas que, muitas vezes, sequer têm enfermeiras”, declara a psicóloga. “Não são poucas as salas de aula onde os professores mantêm remédios para conter os ‘bagunceiros’. Sou contra o abuso da medicação e o remédio usado como ‘cabresto’. Seria um retorno à era da lobotomia?”.
Pais devem estar conscientes de consequências boas e ruins
Para os pais que suspeitam que seus filhos possam sofrer de quaisquer tipos de transtornos de aprendizagem ou hiperatividade, Razera recomenda que se busquem, antes de qualquer coisa, profissionais capazes de esclarecer todas as implicações dos possíveis tratamentos – inclusive a medicação. Além disso, é preciso paciência e compreensão, acompanhamento em várias frentes, e a preocupação em zelar pela auto-estima dos afetados pela doença.
“Procure ajuda profissional que oriente, compartilhe e explique, de modo que você tenha consciência das consequências positivas e negativas dos tratamentos com e sem a medicação. Existem crianças que não precisam de drogas e estão tomando, assim como várias outras que precisam e não estão sendo medicadas. Isso envolve uma mudança geral de rotina, e as coisas não mudam em um passe de mágica. O esforço conjunto, entre médicos, psicólogos, pais e escola, é hiper-recompensador”
Caro Leitor:
Você tem algum filho ou parente que sofra com distúrbios de aprendizagem ou hiperatividade?
Você é a favor do uso de remédios como a Ritalina para o tratamento de crianças que sofrem com esse tipo de transtorno?
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/vida/saude/ritalina-o-tabu-da-droga-da-obediencia/?optin